sábado, 16 de agosto de 2008

HOJE É DIA DO CAMIONEIRO

Quem quiser que vá rodando. Já estou na estrada tempo suficiente pra acreditar que nem o senhor nem a senhora vão conceder um olhar sequer a menos que vejam algum de sua espécie. São pós-racionais; pós. Costumam criar espaços amplos de desconvivência para se reunirem mui educadamente entre um brandy e observações sobre as inovações do campo do comportamento.
Ultrapassagem perigosa, faixa amarela. Ao redor da cintura de segurança há a proteção contra acidente com risco de morte. Faixa de miss preta.
O patrulheiro rodoviário usa rayban e poe o Rinti pra cheirar os porta-malas porque ali pode estar aquela droga de mercadoria contabandeada. O próprio veículo foi furtado e tem placa clonada; mas a carteira falsificada é quente por causa da assinatura do delegado do departamento que faz parte do organizado futebol clube que joga na várzea alugada do sítio.
Primeira! Arranca pois já está ligado ao radar desde a saída e consta que somente 30 minutos são suficientes para uso do posto Amigo dos Rodamontes - mictório, lanchonete e revenda de cds piratas.
O senhor e a senhora já vão longe no seu IBMW. Só vão de automóvel porque a praia é próxima demais para encararem vôo. Mas já estão pensando no helicóptero da próxima vez. Está irrespirável o espaço das estradas com todos os perigos rondando as curvas.
Vou em frente, agarrando e controlando o círculo com as duas mãos. Foi a habilidade que mais desenvolvi quando criança. O som com a boca foi calando e o motor que se fabrica hoje é tão silencioso quanto eu.
Ligo o rádio e escuto a meio tom a voz do locutor que oferece brinde ao primeiro que ligar. penso pegar o celular. Será que ele pega? Contenho a intenção. Direção defensiva.
Estou na estrada, nessa longa estrada, asfaltada, rodada.

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