domingo, 4 de setembro de 2011

Elvira (para Elvira Vigna)

Elvira vinha
Elvira ia
Eu vira tudo
com esses olhos
que a terra
ensinou a ler

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

BUZIOS

OS BUZIOS
DO MAR FUNDO
SÃO MAPAS
DO OUTRO MUNDO

sexta-feira, 27 de maio de 2011

FOMENTADOR

Criar Usinas Nucleares
Criar pastagens
Soja transgênica
Fortalecer o agro-negócio
Extrair petróleo do pre-sal
Construir hidrelétricas na Patagônia
Minas de carvão e diamantes
Transferir indústrias para navios em águas chinesas
Entupir a mídia com filmes de violência
Exportar silício em sucata
Ser abençoado pelo césio

Explodir o muro e a ideologia da paz
E fazer muito mais:
Os fomentadores
Os fomentadores do lucro

sábado, 1 de janeiro de 2011

O PATINHO CISNE

Houve o tempo em que os animais falavam menos que hoje como homens. Naquela ocasião, aconteceu um dia de uma patinha chocar três ovos. Deles saíram três patinhos.
Patinhos, como se sabe, aprendem rápido a andar e nadar. Assim, logo logo já seguiam a mãe pelo bosque onde viviam, e nadavam lindos todos no lago.
Um dos patinhos no entanto, era diferente.Nadava com as asinhas de um jeito que fazia com que a pata estranhasse sua aprendizagem e a confundisse, às vezes, com alguma inabilidade.
Pois bem, assim que os patinhos cresceram um pouco, a pata considerou levá-los para um exame de saúde. O posto de Serviço Patológico Nacional ficava do outro lado do lago; era autarquia do governo e funcionava bem como sempre quando se trata de atender aos cidadãos que dela tem necessidade.
Por precaução, decidiu levar os dois patinhos de nado sincronizado e deixar o outro para o ano seguinte, quando mais velho estaria em melhores condições para um nado de fôlego como aquele.
Preparou o ninho para o filhote, deixou instruções, indicou as comidinhas, transmitiu cuidados e partiu com os outros dois.
No Sepana as coisas demoraram...e demoraram...e preenche requerimento, e aguarda fila, e agenda por isso e por aquilo. Três longos dias se passaram.
A pata preocupada não conseguia comunicar-se com o filhote do outro lado, para dizer-lhe ao menos "meu filho, mamãe está bem, te ama, voltará logo, cuide-se".
E do outro lado o bichinho preocupado, abandonado, crescia, pois tres dias eram muito tempo para seu metabolismo.
Enfim, a pata chegou. Ao avistar a casa, deu de olhos naquele pato pescossudo, forte e grandalhão, com ares de dono do terreno.
Por Deus do céu! A primeira idéia foi que aquele emplumado atacara seu filho, comera-o e agora se abancava. Preferiu averiguar. Junto com os dois patinhos, escondeu-se atrás de uma moita e ficou espiando o bicho.
O bicho, por sua vez, já por demais preocupado com a ausência paterna - que seria materna se fosse filho da mata - resolveu entrar no lago e ir a procura da pata e dos irmãos.
Nadava maravilhosamente; sua elegância, a graça, causaram espanto e aumentaram a desconfiança parental. A pata pensou: "quem será este que não reconheço?", um patinho pensou "que nado lindo, diferente do de meu irmão"; e o outro: "esse bicho tem um quê de pato, mas é outro tipo". (Continua no próximo episódio)

O PATINHO CISNE (parte II)

A pata achou mesmo que seu filhote nadava agora no estômago daquele ali. E pôs-se a chorar, baixinho, mas um soluço escapou.
Do lago, o pato que não estava ainda longe, ouviu e reconheceu um som de mãe. E gritou: "mamãe, mamãe".
Nisso, a pata reconheceu a voz do filho. E disse: " Aqui, aqui!", acenando, enquanto os patinhos repetiam-lhe os gestos.
Assim, o patinho voltou para junto dela e deles. Comovidos e contentes se abraçaram e foram contar os havidos! E foi assim que todos passaram a conhecer a história do patinho cisne, ou do cisninho pato. Que já ganhou tantas versões... mas essa é uma em que tudo acaba bem, porque termina bem!