terça-feira, 7 de agosto de 2007

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REALIDADE PLOC

_Estou ciente da realidade. Trabalho, pago as contas, cuido da saúde, visito parentes e  conctato  as pessoas. Se faltam amigos...tenho os bons, poucos mas fiéis.
_Das plantas? Cuido. Trato bem os animais de estimação.
_O que estou expressando e querendo que compreenda é esse aspecto das ciências que comprovam fatos para que tomemos parte conscientes deles também, né não? Olha só, se a luz de uma estrela que a gente vê hoje no céu pode estar em foco passado porque a estrela já pode até ter explodido, morrido, ter sido sugada e essas coisas por causa da luz que viaja no tempo e a velocidade que implica num dado sério para as nossas relações pois, já até ouvi dizer que somos tipo pó de estrela. De certo modo entendo o quê isso quer dizer.Carbono, radium, nossa eletricidade, a eletroquímica. Também dá pra acrescentar as interpretações da nanogênese mostrando quase nada de nós como um monte de nanicro planetas circulando no universo corporal de nossa massa sem nos darmos conta.
_Universo paralelo? Mas sou eu e é nós descritos em fatos que foram legados em 1800 e tanto, 1900 e pouco. Só estou dizendo uma repetição do que todo mundo que quiser pode saber fácil, fácil nos livros didáticos ali na prateleira. A luz viaja. Viaja na luz! Se nós só nos tornamos visíveis por causa da luz, porque que a luz focaliza o nosso corpo desse jeito; compacto pele, músculos, ossos. Por que os compostos de sódio e potássio não são o que vemos de nós, uns nos outros? Sei lá! Mas sei que penso nisso frequentemente, quando tenho um tempinho livre, depois de escovar os dentes, tomar banho, vestir a roupa, comer o pão da manhã, alimentar os bichinhos, organizar um mínimo diário a casa, pegar as contas e enfiar na página do dia de hoje da agenda, ligar de novo pra você me esperar à porta de sua casa, pois daqui até aí a viajem da luz virá à minha mente enquanto estiver compactado num ônibus cheio de gente, que compararei às proteínas do sistema, um todo sanguíneo que percorre as veias expressas da malha rodoviária...
(09/01/2007)


FALO DE PAPEL

D. Ceuseli terminou o serviço. Esqueceu o sabão na janela e o dr. Paulo dicou furioso com a incompetência dela. (Na verdade, ele já foi pobre e começou a "melhorar" depois que vendeu a primeira moto 125 cilindradas pro moço que confiou na palavra dele e nem verificou que o lucro embutido era mais de 30 por cento e ele comprou outra mais rápida que facilitava as entregas), ah! (mas esse passado ele enterrou e sai de vez em quando em rompantes de raiva das pessoas que são pobres, ou pretas, ou quase pretos quase brancos que são pobres, muito pobres como pretos, são quase todos quase nada, e ele sente raiva de em si ter um assim, que reaparece quando alguém que lhe parece superior aparece no seu caminho e lhe corta o passo). Dr. Paulo nunca fez análise. É diretor de logística reversa, fala inglês e alemão, dirige um carro cheio de recursos e velocidade, sabe tudo de engenharia reversa, essa possibilidade de reconstruir as etapas da construção de um produto; ou, dos processos desde a matéria-prima à entrega, devolução e reutilização e reciclagem, mas não usa esse conhecimento para pensar a história social e sua história pessoal.
D. Ceuseli vai à psicóloga. Ficou deprimida morando naquela casa. O sofá quebrou, não deu pra consertar. As contas levavam o salário em seis dias. Ficava tensa de levar potinhos com açucar e feijão. Podia ser pega. O açucar, ela devolvia no início do mês. Compromisso sagrado. Mas o feijão, o dr. Paulo só comia cozido no dia e ele anunciava de manhã se era pra cozinhar ou não. No dia seguinte ela levava a sobra. Por isso não devolvia. Mas mesmo assim ficava estressada de ter que carregar um pouco de feijão e isso significar economia. Agradecia a Deus. Mas de novo, ainda assim ficava nervosa, ficava tensa, cansava, precisava desabafar e a filha levou-a ao psiquiatra da rede de saúde pública e lá ele evitou prendê-la como peixe pescado, em medicamentos pois poderia diminuir a resposta corporal à demanda de serviço e sondou se ela aderiria à idéia da psicoterapia. Ela topou.
No dia do sabão esquecido, ela tinha lavado a vidraça e recolhia os produtos queando o telefone tocou. Dr. Paulo pedia duas garrafas que ela deveria pegar agora na prateleira baixa da reserva e transpor para a terceira fila da direita da escadam acima das de rótulo verde, inclinadas como as outras. Depois preparar dois tipos de canapés e deixar o queijo verde e o redondo sobre a tábua e ir embora,
Era muita informação pro fim de tarde, e ela cumpriu tudo. Mas tinha terapia. Tinha que ir. Era um dos poucos momentos seus para si. Aí esqueceu o sabão.
Dr. Paulo entrou na copa e viu aquele objeto fora de ordem. Cresceu-lhe a irritabilidade e para descarregar silencioso, com classe, deu um soco no suporte de papel toalha, de modo que o rolo amaciaria o impacto. O braço ficou retido na argola do suporte. Puxa, puxa, puxa, e lá está o sabão. Água na pia, sabão no braço, desvencilhou-se e ainda deu tempo de pentear com a mão o cabelo e retornar à sala, para dar continuidade à conversa com o casal Faulkwe, da qual poderia extrair a melhor impressão do presidente da Word Falk Corporation.
Depois de desvencilhar o bra;o da algema que lhe pareceu o suporte, dr. Paulo sentiu-se mais vivo, mais livre, para propor uma idéia que lhe renderia por fora um lucro entre vinte e trinta por cento.
(09/02/2007)