sábado, 17 de outubro de 2009

OARISTO

Este frio que está a fazer-se
além das núvens geografia avança
se o amor é chama
queima o frio e amansa
os corpos sob o cobertor, na cama
Retesam os fios que dos poros saem
bicos de pena e os membros se entrelaçam
acena ardente da paixão, do vinho,
a mão que roça, bocas que se amassam.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

JOGADOR

Um jogo de cartas marcado
pra noite de feriado
baralho novo

Mesa redonda
porão
cartas na mão

Reis, damas, valetes
manga, blefa
o Ás do jogo ganha a banca

Carteado
Copas, Paus, Espada e Ouros
Coringa

HABEMUS

Todos sabemos que não sabemos
como procuramos luz no fundo do túnel eterno
como comemos do que semeamos
como são sabidos os sabidos que se põem nesse lugar

A roda gira sob o eixo
As plantas enchem-se de brotos
As gotas se alastram nas proximidades do oceano
Os mesmos gestos variam na multidão

Todos sabemos que não sabemos
Sempre nos lembramos disso
Esquecer também é parte do jogo de lembrar
Todos não sabemos e sabemos disso

O princípio de tudo
O fim de tudo
Os meios para se pensar princípio e fim
Os meios e princípios

Nada sabemos se comparado ao tudo se sabemos que tudo é muito
Muito do que sabemos não é saber, é invenção propalada
Mais do que sabemos somos sabidos
E o saber é apenas uma parte

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Comunicações Tipo Espinhas de Peixe

Saudade da professorinha
lembra uma época ingênua
quando se acreditava que oportunidade
era cursar o ensino regular
desde o fundamental ao superior

A prática é outra
veta-se a oportunidade por meios
muito mais sutis
simplesmente negando
reconhecimento ao outro

Inviabiliza-se carreira a uma criança
colocando-se um obstáculo
intransponível em seu caminho
e mesmo que ela o transponha
com as mãos toma-se-lhe aos braços
e desvia-se-lhe da experiência
pela qual buscava
Assim faz o adulto!
Assim faz o que quer.

Será tão legítima essa vitória
do plantonista vigilante
da porteira do saber
quanto maior sua habilidade
em reter conhecimento

Interessa ao império
qualquer império
usurpar

Todo império rui
a história informa
mudança de mãos

Sob todo império
enterra-se os ossos da ciência
sob o qual se ergue a indústria
bélica sem ser bela
forte sendo a maior expressão de covardia

Agora, vem nova estrofe de nove versos
Passo e o império passa
quando parece que cedi
o império colhe vento e a tempestade
se lhe avizinha o gosto amargo
de ter comido de sua própria carne
bebido seu vinho
ter perdido sua luz
seu seguidor fiel e aporte

Vem nova estrofe de cinco
depois mais uma de cinco
formando-se o dez
maior que o nove
maior e menor que o zero inicial ou próximo

O próximo é sempre aquele que chega
como o outro que bate
e ouve a resposta de quem está dentro
se é o império, dirá:
_Dá-me o que é teu em silêncio

Tudo o que o império fará
parecerá um convite ao grupo;
todos os ardis serão possíveis
de modo a que quem veja de fora a cena
pense o quanto ele fez empenho
em ser uma democracia
e que o autoritário foi aquele que bateu a porta
que só não abriu
por que quem bateu não soube entrar
para partilhar o pão.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

PARTIDA

São Paulo
Versos
Coríntios